quinta-feira, 10 de setembro de 2009

O que é o pensar?


Encontro no Ateliê de filosofia
09 de setembro de 2009 (Juliana Merçon)

Þ Sou o que penso ou sou pensado pelo pensamento?
Þ Pensar: individual ou coletivo?
Þ Como saber que aconteceu o pensamento?
Þ É possível pensar fora da ação?
As perguntas acima são fruto de uma provocação que surgiu dos grupos que falavam sobre: o que significa pensar?
Na primeira parte em uma dinâmica de apresentação, todos foram apresentando seu nome e dizendo uma palavra significativa que dissesse o que é o pensar para você?
Num segundo momento formamos duplas e cada um a seu tempo seria um cego (guiado) e depois seria um guia (cuidando de um cego). Após andar voltamos para a sala e conversamos sobre esta experiência e formamos grupos de cinco pessoas que deveriam falar sobre: qual a relação entre esta experiência na dinâmica e o pensar? Elaborar ao final uma pergunta (que estão no início deste relatório)
Durante a troca de idéias pude registrar estas que são as minhas observações a partir da escuta do grupo.
Sou o que penso ou o pensar me controla?
A experiência que fizemos (cegos) tem a ver com o conhecimento?
Conheci coisas e pensei sobre estas coisas. Conhecer e pensar são o mesmo?
O que é o pensar? É uma atividade? A experiência que fizemos foi apenas um reconhecimento.
O pensamento pode ser uma ponte entre idéias? O pensamento é uma coisa fora e nós entramos dentro dele?
Pensar: Lógico e Mítico, é uma construção sócio histórica.
Focalizamos hoje o pensamento no Eu. O pensamento e a experiência têm uma tênue diferença.
Eu sei o que é o pensamento ou não sei? Se eu sei o que é, onde ele pode estar?
O pensamento existe? Como uma substância, coisa, ou é um modo, algo que aparece acompanhado de algo, como um afeto ou uma ação.
O pensar existe fora de mim, do meu cérebro?
Existe o pensar fora de o meu fazer?
O pensamento existe como movimentos. O pensar começa com percepção e não com uma razão. Percebemos primeiro e depois conceituamos. Deve haver uma dialética entre conhecer e pensar. O pensar não é estático, como poderíamos pensar olhando a estátua de Rodin, o pensador, mas percebemos um leve movimento dentro do que podemos dizer que está “parado”, pois há momentos em que o movimento diminui para que se abra espaço para o pensar. O não saber me provoca a pensar mais. Se eu sei, não preciso pensar muito.
O corpo pensa. O que me afeta me leva a pensar. Os afetos me provocam.
Como nos entregamos ou não, àquilo que nos leva a pensar?
O que é ter um pensamento que podemos dizer é filosófico? O que é ser um pensamento filosófico?
Como será pensar como o mundo pensa? Será possível pensar fora do mundo? É importante pensar sobre o pensar. Quem pensa quando alguém diz que pensa? Quando alguém diz que pensa, o que pensa?
Se alguém tem medo de, esse quem, é alguém com medo?
Dentro dela (que tem medo) quem existe? Vários “quens”?
Quem não é apenas uma pessoa, mas um conjunto existencial com as coisas. Pensar é mais que sensação, é um juízo. O máximo de atenção exige um não pensar, segundo os orientais, e quando fico pensando sobre perguntas comigo mesmo, isto é pensar?
AVALIAÇÃO:
O que fizemos neste encontro de hoje?
Experimentamos o pensar e fizemos a experiência? Por que Você sabe que experimenta o pensar?. Quando pude: construir, ouvir, argumentar, etc.
Precisamos momentos de pensar (repousar) o pensar, para poder pensar. Ter feito uma experiência má dá certezas para dizer o que é pensar.
Será que somos sinceros em nossas falas ou falamos o que é mais “bonito”?
É dentro de um contexto de brincadeiras (sem formalidade) que os pensamentos importantes surgem.

domingo, 19 de julho de 2009

IV. A escrita das coisas

Selecionei abaixo alguns trechos que acredito serem importantes para a reflexão sobre as PALAVRAS e as COISAS, a partir de nossa reflexão o significado das palavras e seu sentido na busca de significado. Deixo abaixo o link onde podemos ler o trecho inteiro deste texto e também o livro de Michel foucault, As palavas e as coisas.


No seu ser bruto e histórico do século XVI, a lingua­gem não é um sistema arbitrário; está depositada no mundo e dele faz parte porque, ao mesmo tempo, as próprias coisas escondem e manifestam seu enigma como uma linguagem e porque as palavras se propõem aos homens como coisas a decifrar. (...)

As palavras agrupam sílabas e as sílabas, letras, porque há, depositadas nestas, virtudes que as aproximam e as desassociam, exatamente como no mundo as marcas se opõem ou se atraem umas às outras. (...)

Sob sua forma primeira, quando foi dada aos homens pelo próprio Deus, a linguagem era um signo das coisas abso­lutamente certo e transparente, porque se lhes assemelhava. Os nomes eram depositados sobre aquilo que designavam, assim como a força está escrita no corpo do leão, a realeza no olhar da águia, como a influência dos planetas está mar­cada na fronte dos homens: pela forma da similitude. (...)

Todas as línguas que co­nhecemos, só as falamos agora com base nessa similitude perdida e no espaço por ela deixado vazio. (...)

Mas, se a linguagem não mais se assemelha imediata­mente às coisas que ela nomeia, não está por isso separada do mundo; continua, sob uma outra forma, a ser o lugar das revelações e a fazer parte do espaço onde a verdade, ao mes­mo tempo, se manifesta e se enuncia. (...)

As línguas estão com o mundo numa relação mais de analogia que de significação; ou, antes, seu valor de signo e sua função de duplicação se sobrepõem; elas dizem o céu e a terra de que são a imagem; (...)

Doravante, a lin­guagem tem por natureza primeira ser escrita. Os sons da voz formam apenas sua tradução transitória e precária. O que Deus depositou no mundo são palavras escritas; quando Adão im­pôs os primeiros nomes aos animais, não fez mais que ler essas marcas visíveis e silenciosas; (...)

Saber consiste, pois, em referir a linguagem à lingua­gem. Em restituir a grande planície uniforme das palavras e das coisas. Em fazer tudo falar. Isto é, em fazer nascer, por sobre todas as marcas, o discurso segundo do comentário. O que é próprio do saber não é nem ver nem demonstrar, mas interpretar. (...)

“Há mais a fazer interpretando as interpretações que interpretando as coisas; e mais livros sobre os livros que so­bre qualquer outro assunto; nós não fazemos mais que nos entreglosar.” (...)

Vê-se que a experiência da linguagem pertence à mes­ma rede arqueológica a que pertence o conhecimento das coisas da natureza. Conhecer essas coisas era patentear o sis­tema das semelhanças que as tornavam próximas e solidá­rias umas às outras; (...)

O co­mentário se assemelha indefinidamente ao que ele comenta e que jamais pode enunciar; assim como o saber da natureza encontra sempre novos signos da semelhança, porque a se­melhança não pode ser conhecida por si mesma, já que os signos não podem ser outra coisa senão similitudes. (...)

http://cid-cccc16b60c052ae3.skydrive.live.com/browse.aspx/P%c3%bablico/Livros?uc=1&isFromRichUpload=1